Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, estimou que reservas financeiras do país acabarão no começo de junho e que esperar para elevar o teto da dívida pode causar sérios danos à confiança das empresas e dos consumidores
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, informou nesta sexta-feira, 26, ao Congresso do país que, caso não se chegue a um acordo para elevar ou suspender o teto da dívida, o governo poderá dar calote no dia 5 de junho. Em carta enviada ao líder da maioria republicana da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, Yellen aumentou em quatro dias o prazo que sua pasta calcula para o fim das reservas com as quais poderá cumprir as obrigações de pagamento, e insistiu em pedir aos congressistas que ajam “o mais rápido possível” para evitá-lo. “Esperar até o último minuto para elevar o teto da dívida pode causar sérios danos à confiança das empresas e dos consumidores”, acrescentou. Yellen lembrou que seu departamento precisa desembolsar nos dois primeiros dias de junho US$ 130 bilhões (R$ 651,4 bilhões) em pagamentos à Previdência Social, a veteranos e beneficiários do Medicaid, programa de saúde do governo, o que deixará os cofres “em um nível extremamente baixo de recursos”.
E esse nível, advertiu ela, não permitirá que o Tesouro cumpra as obrigações programadas para a semana de 5 de junho, como outro pagamento de US$ 92 bilhões (R$ 460,9 bilhões) à Previdência Social e ao Medicaid. “Se o Congresso não conseguir elevar o teto da dívida até o prazo final, as famílias americanas passarão por grandes dificuldades, a posição global dos EUA será prejudicada e surgirão dúvidas sobre a capacidade do país de proteger seus interesses de segurança nacional”, enfatizou a secretária do Tesouro. As conversas entre congressistas do Partido Republicano e a Casa Branca continuaram nesta sexta-feira, 26, sem nenhum anúncio oficial de que um acordo tenha sido alcançado. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, também pediu hoje um acordo o mais rápido possível. O vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, advertiu que não existe um “plano B” que permita aos EUA “continuar a cumprir” seus compromissos financeiros se chegar o dia 5 de junho e as partes negociadoras não encontrarem uma solução.
Na noite de quinta-feira, 25, vários veículos de imprensa dos EUA, incluindo o jornal “The New York Times”, informaram que fontes próximas às negociações disseram que um acordo poderia ser anunciado “em breve”. O possível acordo elevaria o teto da dívida por dois anos e imporia limites aos gastos discricionários do governo, exceto para assuntos militares ou de veteranos, informou a publicação. Diferentemente da maioria dos países, os EUA só podem contrair empréstimos até o limite estabelecido pelo Congresso – o teto da dívida – que exige um acordo legislativo toda vez que o país precisa aumentá-lo para honrar suas dívidas. O atual teto da dívida, de US$ 31,4 trilhões (R$ 157,3 trilhões), foi atingido em janeiro, e o país pode dar calote já em 1º de junho se os congressistas dos partidos Democrata e Republicano não chegarem a um acordo para aumentá-lo antes.
*Com informações da agência EFE