Organização Meteorológica Mundial lembra que calor é um dos eventos meteorológicos mais mortais; incêndios foram registrados em várias regiões
Estados Unidos, Europa e a Ásia enfrentam há dias uma forte onda de calor e obrigou as autoridades a adotarem medidas drásticas diante dos riscos provocados pelas temperaturas extremas, que representam o exemplo mais recente da ameaça da mudança climática. O calor é um dos eventos meteorológicos mais mortais, afirma a Organização Meteorológica Mundial (OMM), que informou que a primeira semana de julho foi a mais quente já registrada – junho foi o mês mais quente em todos os anos, de acordo com a agência europeia Copernicus, a Nasa e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos. No verão do ano passado, apenas na Europa, as fortes temperaturas provocaram mais de 60 mil mortes, com 18 mil vítimas fatais na Itália, o país mais afetado, segundo um estudo publicado recentemente na revista ‘Nature Medicine’.
O centro meteorológico italiano CNI emitiu um alerta para “a onda de calor mais intensa do verão e uma das mais intensas de todos os tempos”. O sul da Itália pode registrar a partir deste sábado temperaturas levemente superiores a 38°C na Sardenha, Sicília, Calábria e Apúlia, com “máximas de 40 graus ou mais, em particular no domingo”. Em Roma, a temperatura pode subir a 40°C na segunda-feira, 17, e alcançar entre 42 e 43 graus na terça-feira,18, superando o recorde de 40,5°C de agosto de 2007. A ilha da Sardenha também pode superar os 48,8°C de 11 de agosto de 2021, a temperatura mais elevada que já foi registrada na Europa. O Ministério da Saúde italiano emitiu um alerta vermelho neste sábado para diversas cidades do centro do país. As equipes médicas já estão mobilizadas para atender as pessoas que sofram de desidratação.
Na Espanha, a agência meteorológica nacional alertou para a chegada de uma nova onda de calor entre segunda e quarta-feira. O país chega ao final de uma semana marcada por temperaturas muito altas, que superaram os 40°C, principalmente nas Ilhas Canárias e na Andaluzia. O leste da França, Alemanha e Polônia também enfrentaram uma onda de calor intensa. Na Grécia, as autoridades fecharam na sexta-feira, 14, a Acrópole de Atenas durante o período mais quente do dia. A medida segue em vigor neste sábado. O fechamento do monumento mais visitado da Grécia, que está na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, foi determinado “para proteger os trabalhadores e os visitantes”, afirmou a ministra da Cultura e dos Esportes, Lina Mendoni. A meteorologia prevê temperaturas de entre 40°C e 41°C em Atenas, “mas a sensação térmica que o corpo sente é consideravelmente maior no topo da Acrópole, onde fica o Partenon”, advertiu a ministra.
Nos Estados Unidos, a intensa onda de calor se estende da Califórnia ao Texas e o pico da temperatura está previsto para o fim de semana. Milhões de pessoas dos estados do sudoeste sofreram há dias os efeitos do calor extremo, que representa um risco para os idosos, trabalhadores do setor de construção, carteiros, entregadores e pessoas sem-teto. Phoenix, a capital do Arizona, registrou na sexta-feira o 15º dia consecutivo de temperatura acima dos 43°C, segundo o Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês). O Vale da Morte, na Califórnia, um dos lugares mais quentes da Terra, também pode alcançar novos picos no domingo, com 54°C.
Algumas regiões da China, incluindo a capital Pequim, sofrem há várias semanas com períodos de calor intenso combinados com fortes chuvas. No Japão, a agência meteorológica recomendou medidas de precaução à população durante os próximos dias, quando as temperaturas podem alcançar de 38 a 39 graus, o que representaria um novo recorde. A cidade de Akita, norte do país, registrou em apenas algumas horas a quantidade de chuva que estava prevista para todo o mês de julho, informou o canal NHK. A tempestade provocou um deslizamento de terra e 9.000 pessoas foram obrigadas a procurar abrigos.
As altas temperaturas desencadearam incêndios que, só em Riverside, devastou mais de 1.200 hectares e motivou uma ordem de saída para os moradores. Na América do Norte, o verão é marcado por uma série de catástrofes meteorológicas. A fumaça de mais de 500 focos de incêndios fora de controle no Canadá provocou vários episódios de poluição atmosférica que afetaram diversas áreas do nordeste dos Estados Unidos em junho. Na Grécia, que registrou grandes incêndios florestais em 2021, as autoridades alertaram para o risco elevado de novos incidentes, em particular nas regiões com previsões de fortes ventos. Um incêndio foi declarado hoje em La Palma, nas Canárias, que já arrasou mais de 2.000 hectares.
*Com informações das agências internacionais