Pantanal: 17 milhões de animais morreram em queimadas em 2020, diz pesquisa


Aves, cobras, lagartos, macacos e até grandes mamíferos foram consumidos pelas chamas dos incêndios que devastaram o pantanal brasileiro em 2020. Agora especialistas conseguiram estimar que quase 17 milhões foram vítimas diretas do fogo.

Os números foram levantados por um grupo de 30 cientistas e publicados na revista científica Scientific Reports, que pertence ao grupo Nature. A grande quantidade de vidas perdidas são um alerta para a ameaça que essa catástrofe representa para a biodiversidade do país.

Um veado sobrevive aos incêndios florestais. Outros 17 milhões de animais morreram por conta das queimadas (Fonte: CENAP-ICMBio)Um veado sobrevive aos incêndios florestais. Outros 17 milhões de animais morreram por conta das queimadas (Fonte: CENAP-ICMBio)Fonte:  CENAP-ICMBio 

Nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o bioma pantaneiro é conhecido pelas suas regiões alagadas. Mas as secas do ano passados causaram queimadas que mudaram drasticamente a paisagem local.

Os pesquisadores atribuem o aumento da ocorrência de queimadas à ação humana. Segundo eles, o aquecimento global tem alterado a duração, a frequência e a intensidade dos períodos de seca em todo o planeta. Com a falta de chuvas, as matas ficam mais propícias a incêndios florestais.

Pequenas cobras, aves e roedores foram os mais atingidos, segundo a pesquisa. Ainda assim, chamou a atenção o grande número de répteis maiores, lagartos e grandes mamíferos como cervos, mortos pelo fogo.

Para estimar os números, os cientistas visitaram a região logo após os incêndios. No total foram estudados 39 mil quilômetros quadrados do pantanal brasileiro. Para cobrir toda essa área, foi feita a amostragem em diferentes pontos.

Pesquisador, após incêndio, em visita à região do pantanal atingida (Fonte: CENAP-ICMBio)Pesquisador, após incêndio, em visita à região do pantanal atingida (Fonte: CENAP-ICMBio)Fonte:  ICMBio 

Determinados o locais de coleta, os pesquisadores fizeram a contagem das carcaças que encontravam. Isso permitiu, depois, estimar o número total de vertebrados mortos e a densidade das fatalidades, ou seja, regiões onde elas foram mais concentradas.

Números subestimados

Os números foram surpreendentes, segundo os cientistas. Ainda assim, podem estar subestimados, já que não incluem os casos de cadáveres escondidos (por exemplo, enterrados) e as mortes tardias.

Ainda que se salvem, muitos animais podem sair feridos com queimaduras graves, e não sobrevivem muito após o desastre. Além disso, o fogo altera a vegetação da região, fazendo muitos bichos morrerem de fome. Sendo assim, os 17 milhões foram apenas de mortes causadas diretamente pelas chamas.

Ações que podem mudar esse cenário

Os pesquisadores destacam seis ações que podem ajudar a reduzir e até prevenir queimadas florestais. É importante, segundo eles, o monitoramento contínuo das regiões de mata. Além disso, brigadas de incêndio em locais estratégicos devem ser capazes de prevenir o avanço do desastre.

Pensar em termos de logística também é necessário. Áreas distantes e pantanosas, por exemplo, precisam de melhorias das condições de acesso. Já a implementação de centros de resgate e reabilitação de vida selvagem cumpriria a função de cuidar de animais atingidos na tragédia.

Em termos de ações públicas, é necessária aplicação efetiva das políticas de manejo de incêndios e também o investimento em programas de educação comunitária focado no uso adequado do fogo.

No fim, eles acreditam que ainda é possível reverter esse cenário, evitando que mais vidas, como essas, sejam perdidas.

ARTIGO Scientific Reports: doi.org/10.1038/s41598-021-02844-5



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