Governo prepara pacote para a retomada econômica logo após o Carnaval, afirma Guedes


Em entrevista ao site da Jovem Pan, pouco antes da sua participação no programa Direto ao Ponto, o ministro diz que renovará programas de crédito para empresas e que terão até três novidades que Bolsonaro analisa

Bruno Rocha/Estadão ConteúdoMinistro voltou a criticar pedidos de reajuste ao afirmar que aumentos trazem riscos para o controle da inflação

O governo federal programou para “imediatamente” após o Carnaval o lançamento de uma série de medidas para a retomada das atividades econômicas, afirmou Paulo Guedes, ministro da Economia, ao site da Jovem Pan nesta segunda-feira, 21, pouco antes da sua participação no programa Direto ao Ponto. O pacote inclui a distribuição de R$ 100 bilhões em crédito para microempreendedores individuais (MEI), além de pequenos e médios empresários, conforme adiantado pelo chefe da equipe econômica em um almoço com empresários na semana passada. A proposta é fazer uma nova versão do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC), usados pelo Executivo para sustentar o ambiente de negócios em meio à pandemia do novo coronavírus. “É a primeira recuperação econômica brasileira que 48% do crédito foi justamente para os pequenos e médios [empresários]. Vamos renovar esses programas de crédito, eles foram bastante importantes para a recuperação”, afirmou o ministro.

Conforme mostrou o site da Jovem Pan em dezembro, o governo prepara um programa para pessoas com o nome negativado no SPC e no Serasa. Ao lado da distribuição do Auxílio Brasil com parcelas mínimas de R$ 400, a nova ação de microcrédito deve ser uma das grandes apostas da agenda econômica desenhada para alavancar a economia. De acordo com Guedes, outras três medidas novas devem ser anunciadas pelo presidente na próxima semana, todas com foco na recuperação dos mais atingidos pelos impactos da crise sanitária. “O Brasil foi um país muito responsável, reduziu fortemente o déficit e se recuperou no ponto de vista fiscal e monetário. Foi um país que conseguiu retirar suavemente os estímulos enquanto a economia voltava.” As ações devem ter pouco impacto nas contas públicas. “Temos algum espaço para justamente fazer algumas medidas de apoio que não têm grande impacto fiscal e monetário, mas que privilegiam alguns focos, justamente os que sofreram durante a pandemia”, afirmou.

O ministro da Economia reforçou as críticas aos pedidos de reajustes por parte de servidores federais, afirmando que os aumentos contrariam os esforços do governo para conter o avanço da inflação. “Se houver uma disparada de reajuste salariais, pode ser muito prejudicial ao Brasil”, afirmou. A briga por reajustes foi deflagrada no fim de 2021. Contrariando a equipe econômica, Jair Bolsonaro (PL) pediu a reserva de R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para eventual aumento salarial da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e agentes penitenciários. A reivindicação das categorias foi feita por intermédio do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. “O que eu disse a eles foi o seguinte: ‘Se vocês realmente têm o desejo de ver o presidente reeleito, não deviam usar essa proximidade para pedir os reajustes’”, afirmou. “Quanto mais próximo estiverem do presidente, e mais desejarem o bem ao presidente, deveriam postergar um pouco esses pedidos de reajustes.”

A sinalização disparou uma série de reivindicações de outras categorias, como membros da Receita Federal e do Banco Central (BC). O presidente voltou a sinalizar nesta segunda-feira que pode conceder aumento para servidores da segurança pública e pediu a “compreensão” das outras categorias. “Algumas categorias, ou melhor, todas as categorias merecem ser valorizadas. E o que nós procuramos fazer. Quem nós pudermos salvar na frente, a gente salva”, disse durante evento na presença de membros da PRF. Conforme Guedes, como uma forma de agradar todas as categorias, o valor de R$ 1,7 bilhão também poderia ser usado para aumentar o vale-alimentação de forma generalizada. A decisão, afirma, será tomada pelo presidente.





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