TMDQA! Entrevista: Pe Lu lança EP “Carnaval de Sofá” e prepara seu disco de estreia solo


TMDQA! Entrevista: Pe Lu lança EP “Carnaval de Sofá” e prepara seu disco de estreia solo
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Se entre 2010 e 2011 você acompanhava as bandas de Pop Rock nacional — ou melhor, Happy Rock —, possivelmente você deve se lembrar do Restart, um grupo formado por quatro rapazes chamados Pe Lu, Pe Lanza, Koba e Thomas, que usavam roupas coloridas e se tornaram um verdadeiro fenômeno entre os adolescentes.

Após o grande sucesso da banda, que ao longo de seus sete anos de carreira lançou três discos de estúdio, em Março de 2015 o grupo anunciou uma pausa em suas atividades sem previsão de retorno.

Com cada um seguindo seu caminho, Pedro Lucas foi um dos integrantes que mais se reinventou após a separação da banda. No ano em que o Restart fez sua pausa, o músico começou a estruturar o duo Selva ao lado do amigo Brian Cohen para se dedicar à música eletrônica.

Depois de passar cerca de cinco anos com o novo projeto, durante a pandemia Pe Lu tirou do papel um desejo antigo de fomentar artistas que estão no início de suas carreiras e fundou a Papaya Muisc, uma produtora, selo e editora musical.

Já em Março de 2021, o cantor e compositor anunciou sua saída do Selva para começar a investir em sua carreira solo. E assim, em Fevereiro deste ano, ele lançou o EP Carnaval de Sofá.

O primeiro material solo de Pe Lu conta com quatro regravações de músicas que marcaram o Carnaval, principalmente de Salvador. São elas “Beleza Rara”, da banda EVA, “Bola de Sabão”, do Babado Novo, “Diga que Valeu”, do Chiclete com Banana e “Beija-flor”, da Timbalada.

Em conversa exclusiva ao TMDQA!, o cantor falou sobre seu primeiro EP solo, revelou algumas novidades do seu disco de estreia, que está previsto para ser lançado em Novembro, e ainda comentou sobre um possível retorno do Restart.

Confira na íntegra logo abaixo!

TMDQA! Entrevista Pe Lu

TMDQA!: Oi Pe Lu, tudo bem? É um prazer conversar contigo. Primeiro parabéns pelo EP ‘Carnaval de Sofá’. Nele você apresenta quatro versões mais intimistas de músicas que marcaram o Carnaval de Salvador. Eu queria que você me falasse um pouco sobre a sua conexão com a capital baiana e quando surgiu a vontade de fazer esse EP.

Pe Lu: Oi Lara, tudo certo. Cara, a minha mãe é baiana, então eu tenho uma conexão familiar com a Bahia, que eu gosto muito, e isso foi muito reforçado durante a minha vida porque eu passei momentos irados lá, tanto com minha família quanto depois trabalhando. Em especial no Carnaval eu tenho lembranças muito boas desde o trio do Olodum que a gente [o Restart] foi uma vez; durante dois anos eu toquei com o Selva, que era meu projeto de música eletrônica, e a gente tocou em festas lá, e também fizemos o trio do Alok duas vezes, então foi um circuito muito irado de fazer, já tocamos em camarote também. Eu já vivi o Carnaval sob várias perspectivas, mas pra mim quando fala-se em Carnaval, a primeira coisa que vem na cabeça é a Bahia, Salvador mais especificamente.

Quando eu pensei em fazer um projeto de Carnaval, na minha cabeça era natural que eu fizesse alguma coisa relacionada à Bahia e aí pensei em como fazer isso.

Só escrever músicas do zero e trazer uma roupagem? Pensei “putz, as roupagens de música, de trio, de Carnaval, elas não combinam com o que eu tô fazendo com meu trabalho, mas e se eu fizesse o contrário? Se eu pegasse essas músicas e trouxesse elas para minha história?”.

Então essa conexão com a Bahia vem de várias formas, ela vem pela veia familiar, pela memória afetiva e pela veia da música que eu amo, essas quatro músicas em especial, mas há várias outras que são lindíssimas.

TMDQA!: Eu ia te perguntar exatamente sobre isso. Com um número tão grande de músicas que representam o Carnaval, como você chegou na escolha dessas quatro canções?

Pe Lu: Eu tentei colocar artistas e canções que de alguma forma, na minha perspectiva, furaram a bolha do Carnaval. Porque você tem um circuito, e não só na Bahia, mas no Nordeste, indo um pouco para o Norte do Brasil, que é um circuito que vive de forma afastada muitas vezes do eixo Rio-São Paulo. Você tem festivais enormes, shows enormes de artistas que muitas vezes não vem pra cá.

E eu quis trazer canções que furaram esse lugar e que no fim são canções do imaginário popular, independente de onde você esteja, então acabou que eu parei em quatro artistas que são muito grandes e dois deles tem cantoras que furaram muito esse universo.

Temos a Claudia Leitte, com “Bola de Sabão” e “Beleza Rara” que muitos conhecem com a voz de Ivete [Sangalo] no início da banda EVA, com ela novinha. Quanto às outras duas, uma é do Chiclete com Banana, que, não tem como, é uma entidade carnavalesca de qualquer lugar, já que onde o Chiclete toca você tem essa energia do Carnaval, e eu queria achar uma do Olodum, e como os Gilsons fizeram com “Várias Queixas”, que é um puta achado de repertório, eu fiquei nessa “será que eu acharia uma coisa que dá também para eu trazer para uma outra viagem?”, e acabei parando no Timbalada, que traz um pouco dessa raiz do Carnaval de rua, que é um outro lado dos trios e do Carnaval televisionado.

De alguma forma eu tentei fazer com que as pessoas sacassem o que eu estava fazendo logo de cara. Você não necessariamente precisava ser um conhecedor profundo do repertório do Carnaval baiano para olhar essas músicas e fazer a conexão, sabe? Mas eu já estou com vontade de fazer um volume 2 para o ano que vem, eu quero talvez fazer dele um projeto anual. Todo ano eu pego umas músicas e faço, que aí eu acho que daqui a uns dez anos eu consigo ter um corpo real do Carnaval.

TMDQA!: E eu acho que trazer essas músicas para as novas gerações também é sempre válido.

Pe Lu: Total, isso também! Eu acho que são músicas que todo mundo no mínimo já ouviu alguma vez. Mas realmente vai ter gente que de repente não associa, não escuta e como tá numa forma muito diferente, de repente vai ter uma primeira sensação e acho que esse contato com essas obras também é parte do que eu quero fazer, para que as pessoas escutem essas músicas.

TMDQA!: Eu vi você falando em uma entrevista que já viveu diferentes tipos de carnavais, já passou em festas em Salvador, Rio, São Paulo e também em casa com amigos. Queria saber se teve algum deles que mais te marcou até hoje?

Pe Lu: Já desfilei em escola de Samba, que é uma outra viagem de Carnaval que é muito legal e tradicional também, mas eu acho que o Carnaval de Salvador é o lugar pra mim — e não que eu vá todo ano, porque é uma loucura, você vive três, quatro dias e parece que você viveu cinco anos de festa, tem uma energia da cidade que tá muito viva —, mas eu acho que o Carnaval de Salvador é, pra mim, o mais especial.

E ter ido para o trio com o Olodum, que é muito tradicional, onde você tem muito a galera de fora mas você tem muitos baianos acompanhando o trio… Estar ali e cantar com essa entidade da cultura brasileira foi um dos carnavais mais icônicos que eu vou ter sempre na cabeça.

TMDQA!: A nova versão de “Beleza Rara” foi o primeiro single que você lançou do EP, e ele chegou acompanhado por um conteúdo audiovisual produzido totalmente por você. Você já tinha feito isso antes? Como foi não contar com uma equipe para isso?

Pe Lu: Eu me meto pra fazer algumas coisas às vezes porque eu quero fazer, várias outras vezes porque eu preciso fazer e é isso. Não tem grana pra investir nisso agora, então eu tenho equipamentos, eu tenho uma noção básica de edição, de cor, e vou aprendendo tudo quando preciso fazer alguma coisa. E o meu selo, o Papaya, também me coloca muito esses desafios, porque a gente trabalha com artistas independentes que estão no começo da carreira. Então volta e meia a gente se mete a ter que fazer um conteúdo visual junto, a ter que bolar uma ideia que seja incrível com R$50,00 e ter essa coisa de guerrilha.

Então, fazer o vídeo de “Beleza Rara” foi mais um desses momentos. Eu fiz uma produção que eu queria fazer para a capa, que pra mim era importante, e aí acabou sendo uma produção grande. Eu aluguei um lugar, eu tinha um maquiador, eu contratei um fotógrafo específico que eu queria, bolei um conceito, a roupa, teve um certo investimento nisso. E aí quando eu vi tudo aquilo pronto pra fazer algumas fotos eu falei “puta merda, eu preciso usar esse lugar, de repente fazer outra coisa também”. E aí eu levei alguns elementos de Carnaval, pensei em deixar a câmera parada e fazer algumas encenações.

Quando eu editei, comecei a pensar: “e se eu colocar alguns pedaços da letra?”. E comecei a entrar numa pilha disso e passei três dias para minimamente animar, e aí eu quase desisti no meio do caminho! Mas, no fim, eu achei que ficou legal e sincero, dentro da energia das músicas.

Para os outros eu acabei fazendo uma coisa bem mais simples porque não tinha tempo, não tinha cenário. Mas pensei que a letra era importante porque muita gente ia entrar em contato com a letra pela primeira vez, então eu foquei nisso. É isso, artista tem que ir se virando.

TMDQA!: E agora falando sobre o selo Papaya Music, que você citou e foi fundado por você ao lado do Renato Frei e do Fred Vieira. Eu queria saber como está sendo assumir essa nova função e quais são os benefícios de lançar seu material através do seu próprio selo?

Pe Lu: De certa forma já tem alguns anos que eu faço produções e que eu escrevo coisas para outras pessoas e, por ter montado um estúdio junto com outros amigos, agora a gente tem uma casa que é um hub de música. A gente tem três estúdios e mais alguns espaços, enfim, é um lugar pra juntar e fazer música. Então, ter criado o estúdio me incentivou a ter cada vez mais projetos autorais, um projeto em que eu consigo ter o controle da criação — e mais do que da criação, do lançamento. Porque muitas vezes você acaba produzindo coisas, escrevendo coisas e depende do timing do artista.

Então o selo nasceu dessa vontade. Vamos escrever juntos, vamos produzir, vamos participar, a gente mete a mão em tudo. Porque, como eu falei, são artistas que estão começando, não têm recursos. E tem sido uma aventura, porque a gente aprende muito.

Por outro lado, trabalhar com artista… no começo é muito legal, mas tem uma série de desvantagens, né? Falta de investimento, as coisas são mais difíceis, você fica brigando por espaço… mas é bom porque tem uma liberdade criativa, aquela primeira chama do artista só acontece uma vez. Você só vai viver no começo, não tem como. E faz a gente se desafiar o tempo todo. Criando com pouco recurso, buscando soluções, entendendo cada vez mais das plataformas, da distribuição, do marketing, do lançamento.

Então, pra mim, lançar a minha carreira solo dentro do meu próprio selo, gravada no meu estúdio, é uma junção de coisas que eu olho hoje e falo “caramba, eu venho construindo isso, sem saber, há quinze anos”. Desde que eu fiz a minha primeira coisa, lancei minha música com o que era o embrião do Restart ainda lá com quinze, dezesseis anos… naquele momento eu de certa forma já estava criando um caminho pra chegar e estar nesse lugar, ter o meu espaço, o controle criativo, poder trabalhar com outros artistas.

Então, acho que eu sinto que eu estou num momento de muita aposta, muito investimento em ideias, em projetos, mas que é um momento muito feliz, de poder fazer o que eu quero fazer quase que o tempo todo. Isto já é mais do que muita gente pode dizer.

TMDQA!: Passando pela fase de fenômeno teen e vendo que você explorou outros tipos de sonoridades na sua carreira após o Restart, eu queria saber como foi para você se reconstruir enquanto artista, decidir o que seria a sua trajetória dali pra frente?

Pe Lu: No término da banda eu já tinha o que era a ideia inicial do Selva, que era meu projeto de música eletrônica durante quatro anos, cinco anos. Então, eu meio que pulei de uma coisa já meio que direto para outra.

Isso por um lado é positivo, por outro às vezes nem tanto, mas eu sou muito inquieto. Então, isso também me faz fazer as coisas, tipo, “putz, preciso fazer um clipe, não tem ninguém pra fazer um clipe, eu vou lá sentar e aprender a fazer um clipe”. E essa inquietação me mantém em movimento. A gente pausou o Restart e eu já tinha uma outra história que eu estava afinzão de aprender que era a música eletrônica.

Quando eu saí do Selva, no final do ano retrasado, eu também já estava no processo do estúdio e do selo, e de começar a pensar na minha carreira solo. Então, eu sinto que, como eu me movimento muito, eu não acho que nada é final, eu tô sempre no caminho. Eu estou aqui hoje, eu tenho o selo, tô produzindo a Laura, a Magi, tem a minha carreira. Mas não necessariamente isso é o final, isso pode ser o caminho para uma próxima coisa.

Então, na medida do possível, eu vou deixando a vida ir tomando o seu curso e isso me traz muitas oportunidades legais. Eu quebro a cara muitas vezes também mas, nesses quinze anos aí, eu acabei fazendo um monte de coisa de que eu me orgulho. Acho que esse é o ponto principal. Acho que eu tenho um caminho que eu olho e eu falo, “pô, que legal”, e aí eu olho pra frente e penso no tanto de coisa que eu ainda quero fazer.

TMDQA!: Você já comentou anteriormente que pretende lançar seu primeiro disco solo este ano, e você é um artista que já explorou vários gêneros musicais em sua carreira como o Pop Rock com o Restart, o eletrônico com o Selva ao lado do Brian, e agora essa sonoridade mais lenta e intimista no “Carnaval de Sofá”. Eu queria saber se esse EP já é uma prévia do som que você pretende apresentar no seu disco de estreia.

Pe Lu: Eu acho que um pouco. Eu estou num momento de descobrir sonoridades e de experimentar coisas. Eu comecei a escrever algumas coisas pensando nesse disco, mas ainda estou testando histórias, caminhos melódicos, instrumentos, né? Violão de aço, de nylon, cada um tem uma textura, cada uma me leva para um lugar. Eu vou ter essa semana o primeiro encontro focado em composição pra esse disco, junto com o Renato Frei que é o meu parceiro de composição há anos e meu sócio no selo, então vai ser o primeiro dia que eu vou mostrar umas coisas para outra pessoa e vamos bater essa bola.

Mas eu acho que sim, eu sinto que o lugar legal pra mim como voz e como solo é um lugar mais introspectivo, mais sereno, mas um ambiente parecido com o que rolou no ‘Carnaval de Sofá’. É um lugar em que eu me sinto confortável, é o tipo de música que eu gosto de ouvir e que permite misturas de coisas como, sei lá, o Silva faz muito bem. Tem um pouco de Bossa Nova, mas tem um pouco de bits eletrônicos, uma coisa mais contemporânea. Tem uma brasilidade que eu gosto, de percussão, de tambor, que também faz parte da minha história. Então, eu acho que sim. Ainda é um pouco precoce para eu dizer pra você que com certeza é esse lugar, mas está por ali.

Minha ideia é começar a soltar músicas em Maio, talvez final de Abril. Estamos saindo do Carnaval e em Março é o primeiro momento que eu vou produzir a primeira coisa. Final de Abril talvez deva sair a primeira música e depois todo mês, para que em Novembro o disco saia com 11 músicas, no dia 11 de Novembro de 2022.

TMDQA!: Mesmo que você ainda esteja nesse planejamento do material, já existe alguma parceria em vista para esse primeiro disco?

Pe Lu: Eu sou fã de muita gente e parte desse processo de estar tocando um gênero novo — que pra mim é novo, né —, de estar conhecendo pessoas que já fazem isso e ir descobrindo artistas e etc, me faz várias vezes olhar e falar “nossa, adoraria fazer uma coisa com essa pessoa, com essa outra pessoa”, mas eu tô num processo pessoal de também ir deixando os encontros acontecerem.

Tem convites que eu quero fazer, mas não necessariamente “ah, você quer cantar essa música no meu disco?”. Eu tenho convites que quero fazer, só que mais do tipo “olha, não quer chegar algum dia aqui no estúdio pra gente pegar um violão e ver se rola alguma coisa?”, e se esses processos me levarem a músicas que fazem sentido para mim e fazem sentido para a outra pessoa, vai ser ótimo. E eu sempre enxerguei a minha carreira solo como um catalisador. Sempre pensava isso, que eu tenho uma carreira solo, além da carreira em si; um catalisador de pessoas, uma possibilidade de eu estar perto de outras pessoas, eu estar conversando, trocando, fazendo música, e isso já acontece em algum nível, já tá acontecendo. Então, esse já é um lugar que me deixa muito feliz, porque parte do objetivo está sendo alcançado.

Então, eu espero que isso se repita no disco, mas vão ter parcerias se elas fizerem sentido. Eu não estou mais no esquema, tipo, “preciso buscar pro trabalho crescer”. É legal, óbvio, fazendo o trabalho crescer, chegando mais gente, mas eu tô num lance bem artístico assim de “pô, precisamos estar numa vibe… uma vibe legal”.

Se eu sentar com a pessoa, e aí independente de quem ela seja, e a gente fizer alguma coisa que for legal, vai ser legal. Um pouco como foi com o Pedro Altério, com “Transbordar”. De certa forma foi meio assim, a gente não tinha a pretensão de fazer juntos, e foram meses, até que a gente ouviu pronto e falou “caralho, isso aqui tá lindo”, mas tá lindo porque o processo foi irado de fazer, estava todo mundo feliz de fazer. Você ouve isso, isso reflete no resultado.

TMDQA!: A gente tem visto um movimento crescente de artistas tanto internacionais, como a WILLOW e a Avril Lavigne, e também nacionais, como o Di Ferrero e o Sebastianismos, apostando no Pop Rock/Pop Punk. Esse era um som bem presente nas músicas do Restart. Aproveitando essa fase da indústria, existe uma possibilidade de retorno da banda?

Pe Lu: Cara eu acho, assim, primeiro que é legal que os ciclos de 20 anos sigam rolando. Tipo, é isso, 20 anos e as pessoas estão ouvindo Pop Punk de novo, descobrindo coisas que eu ouvia quando tinha 14, 13 anos e que eu amo até hoje e tal.

E você tem artistas que seguem fazendo isso, né. Falando de Brasil, você tem a Fresno por exemplo que, porra, segura o bastão do Rock, Pop Rock, Pop Punk, Emo, sei lá, tem várias formatações aí. E você tem o Di Ferrero, como você falou, que é uma figura que vem desse movimento e que agora tá voltando a flertar mais diretamente, pelo menos nas últimas músicas, com esse lugar. E mesmo a Anitta, que pega uma onda lá de fora e que na real está vindo aqui!

Mas cara, o Restart — e isso independente da onda, na verdade —, se em algum momento a gente for fazer alguma coisa, esse não vai ser o motivo. Eu não tenho problema nenhum que as pessoas estejam surfando a onda; acho que tem que surfar, é legal que a onda seja essa e que isso incentive mais artistas legais a aparecerem, que pessoas que não fazem isso comecem a fazer, que pessoas que faziam estão voltando a fazer porque veem que tem espaço de novo, isso é muito foda. Mas o Restart especificamente, acho que se em algum momento a gente fizer alguma coisa, esse não pode ser o motivo. Tipo, “ah, vamos voltar porque tem uma onda”, isso não faria a gente feliz, e acho que não seria verdadeiro.

Então, se o Restart algum dia fizer alguma coisa, uma reunião, shows, isso de gravar alguma coisa, sei lá, vai ser pelo motivo pelo qual a gente começou a banda, que é: a gente queria tocar juntos. Então, se em algum momento a gente quiser tocar juntos de novo — e nós somos amigos, a gente se fala pra caralho, esse momento pode chegar, isso vai acontecer, e independente do que tiver rolando, a gente vai voltar e vai tocar e eu espero que as pessoas queiram ouvir.

Mas não tem como a gente fazer uma volta, uma coisa especial e tal, baseado só numa lógica de mercado. Para o Restart, não faz sentido. Então sei lá, ano que vem a gente vai fazer 15 anos de banda, é uma data legal. Não sei se até o ano que vem o Pop Punk, Pop Rock, Emo vai estar rolando ou de repente vai estar rolando pra caralho, mais ainda. Ninguém sabe. Mas sei lá, se a gente vai voltar, de repente para uma turnê de 15 anos e tal, a gente vai fazer independente do que tiver rolando. A gente vai fazer se a gente quiser fazer, essa é a luz que rola na nossa cabeça.

TMDQA!: Para encerrar, queria saber quais são os discos que você considera seus amigos, que estão sempre contigo?

Pe Lu: Tem um disco que… quer dizer, tem uns dois que eu acho que tranquilamente são os que eu mais ouvi na vida. O Continuum, do John Mayer, que é o grande álbum da carreira dele, o ápice dele, e tem a sequência disso que é o Where the Light Is: John Mayer Live in Los Angeles; quando eu vi aquele DVD pela primeira vez minha cabeça explodiu.

E o primeiro disco do Linkin Park, Hybrid Theory, que é um dos meus formadores da vida e o ao vivo, Live in Texas, que é meio que um ao vivo desse disco. Esses são álbuns que até hoje, tipo assim, duas vezes no mês eu paro em algum momento, escuto eles inteiros e penso, “puta que pariu, como que isso aqui tá acontecendo?”.

Eu sou muito fã de Oasis, também é uma das minhas coisas assim. No momento eu tô pirado num disco do João Bosco, que é um ao vivo dele que é a centésima apresentação dele no antigo teatro da USP, em 70 e alguma coisa. Meu pai me mandou outro dia, e é só ele, voz e violão. Puta merda, o disco é surreal.

O nível do cara, o tanto que ele toca violão, as composições, é um disco que eu estou ouvindo muito nos últimos tempos. Tem também Legião Urbana, Sandy & Júnior Ao Vivo no Maracanã, que eu ouvi muito quando adolescente, só musicão, foda, o fino do pop. Os acústicos do Charlie Brown Jr., da Cássia Eller, várias outras coisas. Eu tenho mais discos que amigos, com certeza.





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