Cartão de crédito é o maior responsável pela inadimplência, com rotativo que pode chegar a 360% ao ano
A Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) relizou uma pesquisa na capital paulista que identificou que o mês de setembro registrou quase 1 milhão de lares com dúvidas atrasadas. A pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor apresenta que 24,8% das famílias, uma em cada quatro, têm dívidas em atraso. O patamar é o mais alto desde o início da série histórica em 2010. Para o assessor econômico da Fecomércio Guilherme Dietze, existia uma situação favorável para o crédito em 2021 e as famílias aproveitaram para consumir mais. “No ano passado houve um estímulo muito grande com a redução da taxa de juros, então as famílias foram contraindo crédito, o cartão de crédito, para compra de imóveis, veículos, e, agora, neste momento de aumento de juros e inflação elevada, sobra muito pouco para que as famílias consigam pagar esse crédito atrasado. Então, a gente está vendo um recorde de famílias com dívidas em atraso, o que é muito ruim para a economia”, afirma. O estudo ainda aponta que os paulistanos vão usar o 13º salário para pagar as dívidas em atraso.
O maior responsável pelo cenário de endividamento é o cartão de crédito, com 85% dos lares com dívidas prejudicados. Para o especialista em finanças comportamentais Renato Cardozo, é preciso tomar cuidado para evitar um ciclo de endividamento: “Se um salário é de R$ 2 mil e o cartão é de R$ 5 mil, entende-se que há uma renda de R$ 7 mil. As pessoas fazem essa confusão na hora do consumo. Uma solução é saber que cartão de crédito, crédito em qualquer que seja o segmento, não é uma soma ao salário, é uma antecipação dele. A dica é equilibrar o crédito exatamente igual ao valor do salário”. O rotativo do cartão possui taxa de juros que pode chegar a 360% ao ano. O especialista destaca a necessidade de manter uma disciplina: “Passado o momento difícil, as pessoas voltam a cometer os mesmos erros. Não confiem que uma única fonte de renda seja capaz de suportar uma outra grande crise e sanar todas as dívidas.
*Com informações do repórter Vinicius Alexis