López Obrador, mandatário do país de destino, instruiu embaixador a ‘abrir as portas’ para o político e diz não saber se será possível manter boa relação diplomática
O presidente deposto do Peru Pedro Castillo oficializou nesta quinta-feira, 8, o seu pedido de asilo político ao México. A solicitação foi feita diretamente ao embaixador mexicano no Peru, Pablo Monroy, e divulgada pelo ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard, em mensagem no Twitter [veja abaixo], na qual acrescentou que o México iniciou conversas com as autoridades peruanas para realizar os procedimentos de asilo. “O embaixador Pablo Monroy me informa de Lima que pôde se encontrar com Pedro Castillo no Centro Penitenciário. Ele o encontrou fisicamente bem e na companhia do seu advogado. Procedemos ao início de consultas com as autoridades peruanas”, escreveu Ebrard. O ministro anexou à mensagem a carta enviada pelo advogado de Castillo ao presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na qual pedia asilo para o ex-mandatário peruano “diante da perseguição infundada por órgãos judiciais que assumiram um caráter político”. “Órgãos criaram um clima de extrema indefensabilidade e perseguição puramente política de qualquer pessoa que pense de forma diferente do grupo oligárquico que reina sobre todas as instituições do país”, continuou. Além disso, observou que Castillo está em “grave risco”.
López Obrador revelou nesta quinta-feira, em entrevista coletiva matinal, que Castillo telefonou para pedir asilo na Embaixada do México no país andino. “Ele falou aqui com o gabinete para me informar que ia até a embaixada, que pediria asilo e para que abrissem a porta da embaixada, mas certamente já tinham grampeado o telefone”, disse López Obrador. O mandatário mexiano disse que instruiu Ebrard a falar com o embaixador mexicano no Peru e abrir a porta para Castillo para pedir asilo. “Mas pouco tempo depois, assumiram a embaixada com a polícia e cidadãos, cercaram a embaixada. E ele nem conseguia sair, foi detido imediatamente”, relatou.
Além disso, López Obrador atrasou o reconhecimento da nova presidente do Peru, Dina Boluarte, após a destituição de Castillo na quarta-feira. O presidente mexicano respondeu que “não sabe” se as boas relações com o novo governo peruano vão continuar, mas excluiu uma ruptura. “Não sabemos [como serão as relações], mas vamos esperar alguns dias, penso que é a coisa mais apropriada a fazer, não é nosso propósito intervir nos assuntos internos. Lamentamos muito, sim, que estas coisas aconteçam”, opinou.
Pedro Castillo está preso após ter anunciado, na quarta-feira passada, a dissolução do Congresso e o estabelecimento de um governo de exceção, o que foi amplamente interpretado como um golpe de Estado. Sua ação não teve força ou efeito prático, com os parlamentares passando a votar seu impeachment na sequência por “incapacidade moral”. Em menos de três horas depois de seu anúncio, Castillo foi detido e transferido para uma prisão em Lima, onde um juiz da Suprema Corte ordenou, na quinta-feira, 8, que ficasse durante sete dias, sob investigação. A ex-vice-presidente de Castillo, Dina Boluarte, assumiu a presidência do país.
— Marcelo Ebrard C. (@m_ebrard) December 8, 2022
*Com informações da EFE