Giuseppe Conte e outras 21 pessoas estão sendo investigadas após quase 188 mil mortes no país
O ex-primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, e o ex-ministro da Saúde, Roberto Speranza, estão entre as cerca de 20 pessoas sob investigação judicial devido à gestão do início da pandemia de Covid-19 no norte da Itália, que em fevereiro de 2020 se tornou o foco ocidental de um vírus que causou quase 188 mil mortes no país. A procuradoria de Bérgamo encerrou, após três anos de trabalho, a investigação para esclarecer as razões pelas quais a região da Lombardia, e especialmente a província de Bérgamo, se tornou a mais afetada pela pandemia em todo o país, e se por trás desta tragédia havia algum tipo de responsabilidade política. Além de Conte e Speranza, o presidente da região da Lombardia, Attilio Fontana, o presidente do Instituto Superior de Saúde, Silvio Brusaferro, o então chefe da Proteção Civil, Angelo Borrellli, e outras figuras proeminentes também estão sob investigação, segundo a imprensa local. “Fui informado pela imprensa sobre as notícias relacionadas à investigação em Bergamo. Antecipo imediatamente a minha máxima disponibilidade e colaboração com o sistema judicial”, declarou Conte após os primeiros resultados da investigação terem sido divulgados. O ex-chefe do Executivo, atualmente liderado pelo Movimento Cinco Estrelas (M5S), disse estar “calmo perante o país e os cidadãos italianos por terem agido com o máximo empenho e pleno sentido de responsabilidade num dos momentos mais difíceis vividos pela República”.
O então ministro da Saúde também expressou a sua “plena confiança no poder judicial”. “Sempre pensei que quem quer que tivesse responsabilidade na gestão da pandemia deveria estar pronto para ser responsabilizado. Estou muito calmo e confiante de que sempre agi com disciplina e honra no interesse exclusivo do país. Tenho plena confiança, como sempre, no poder judiciário”, disse Speranza em comunicado. Pela sua parte, a associação de familiares das vítimas que denunciaram à justiça a gestão da pandemia expressou gratidão pela decisão do Ministério Público de Bérgamo. “Os magistrados identificaram responsabilidades precisas na gestão da pandemia, envolvendo o setor político e institucional. Sempre lutamos pelos nossos entes queridos, apesar do silêncio que marcou esta história. Esta decisão não traz de volta os nossos entes queridos, mas honra a sua memória”, disseram. A investigação procurou esclarecer por que nos primeiros dias da pandemia várias áreas da província de Bérgamo não estavam isoladas desde o início, apesar das provas de que o vírus já circulava nas ruas e hospitais dos seus municípios.
*Com informações da EFE