França tem segunda noite de protestos após morte de jovem baleado por policial


Nahel, de 17 anos, levou um tiro no tórax ao se recusar parar em uma barreira policial na manhã de terça-feira

EFE/EPA/YOAN VALATprotestos em paris, frança
Diversas cidades tiveram protestos; carros e objetos domésticos foram queimados

Os distúrbios em ruas da França continuaram nesta quarta-feira, 28, pela segunda noite consecutiva, após a morte de um adolescente baleado por um policial no subúrbio de Paris. A morte de Nahel, 17 anos, após se negar a parar em uma barreira policial comoveu o país e foi condenada por autoridades, políticos e celebridades. Também gerou distúrbios em Nanterre, que voltaram a acontecer na madrugada desta quinta-feira, 29, apesar da mobilização anunciada de 2.000 policiais do batalhão de choque. Mais de uma dezena de veículos e mobiliário urbano foram queimados na cidade, onde também foram erguidas barricadas. A polícia efetuou 77 prisões em Paris e região. Os distúrbios se estenderam a outras regiões da França, como Lyon, Toulouse e Lille. A morte ocorreu na manhã de terça-feira. Inicialmente, fontes policiais disseram que um agente abriu fogo quando o motorista do veículo tentou atropelar dois membros da polícia motorizada em Nanterre. No entanto, um vídeo publicado nas redes sociais, mostra o momento em que um agente aponta uma arma para o motorista e atira à queima-roupa quando ele acelera com o veículo. Na gravação, é possível ouvir a frase: “Você vai levar um tiro na cabeça”, mas não fica claro quem a pronuncia.

A fuga do jovem terminou metros à frente, quando o carro bateu contra um poste. A vítima morreu pouco depois de ser atingida por um tiro no tórax. O agente de 38 anos que atirou contra o jovem está sob custódia da polícia como parte da investigação de homicídio doloso por parte de um funcionário público, anunciou o Ministério Público. “Nada justifica a morte de um jovem”, disse o presidente francês. O porta-voz do governo, Olivier Véran, pediu “calma” em um contexto de “emoção muito forte”. “As imagens sugerem que o procedimento da operação legal não foi respeitado”, declarou a primeira-ministra Elisabeth Borne. “A pena de morte não existe mais na França. Nenhum policial tem o direito de matar, exceto em caso de legítima defesa”, tuitou o político de esquerda Jean-Luc Mélenchon.

“Estou sofrendo pela minha França. Uma situação inaceitável”, tuitou o atacante Kylian Mbappé, do Paris Saint-Germain (PSG), que em 2020 também reagiu ao espancamento de policiais a um produtor musical negro, Michel Zecler, em Paris. As declarações foram criticadas por um dos principais sindicatos policiais, Alliance, e por dirigentes da extrema-direita. Alliance considerou “inconcebível que o presidente da República, assim como alguns dirigentes políticos, artistas e outros desconsiderem a separação de poderes e a independência da Justiça condenando nossos colegas antes que se pronunciem”. A ex-candidata presidencial Marine Le Pen, líder do Reagrupamento Nacional (RN, extrema-direita), denunciou uma reação “irresponsável” por parte de Macron.

*Com informações da AFP





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