Conflito internacional afeta diretamente os preços dos insumos, do dólar e do barril do petróleo
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia pode reduzir a produção do agronegócio brasileiro. A dependência dos fertilizantes não deixa de ser expressa pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) quando é cobrado a condenar as ações de Vladimir Putin. Mas o problema vai muito além desse ponto. A escalada dos preços dos insumos marcou o ano de 2021 e o brasileiro sentiu na mesa a inflação dos alimentos. E, agora, o conflito internacional mexe com o petróleo, o dólar e, consequentemente, com os produtos importados pelos agricultores, como afirma o CEO da Quist Investimentos, Douglas Duek. “O petróleo subiu 85% nos últimos 12 meses. Isso impacta diretamente. O cara que produz soja, produz milho, numa safra grande, ele tem o grande gasto de óleo diesel de caminhão, de trator, para poder usar. Isso tudo está impactando hoje diretamente no agro. Dependendo do preço que em que chegar o preço dos insumos, não vai valer a pena fazer uma colheita, fazer uma safra”, diz.
Duek lembra das perdas em 2021, com a seca, chuva, a chegada do do inverno. E os produtores fazem as contas para manter as lavouras. “O produtor plantou e gastou 100 para colher 50, 40, porque a safra foi muito ruim, por conta da seca. Estou dando um exemplo. Então, a gente precisa de uma margem de segurança para buscar aquilo. Plantar 80 para buscar 100 é legal, e hoje a gente está sendo espremido por esses insumos, que estão subindo, e eles dolarizados também têm tido uma uma grande procura de outros lugares. Tudo está dolarizado, o preço dos da soja, por exemplo, mas os insumos também estão subindo tanto quanto a soja ou mais. Os insumos de grandes empresas que que o agro acaba consumindo. Então é um momento bastante preocupante em razão desses fatos”, opina.
A região do conflito é uma produtora de commodities do agronegócio como ureia e fósforo. E haverá diminuição natural da oferta. Nesta semana, o barril do tipo brent do petróleo subiu acima de US$ 139 (R$ 703) o barril no comércio da Ásia, o maior dos últimos 13 anos. Numa nota, o JP Morgan Chase, de Nova Iorque, apontou que o brent poderia terminar o ano em US$ 185, caso o fornecimento russo continue a ser interrompido no mercado global, já que a Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e o segundo maior exportador.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos