Engenheira de telecomunicações revela os desafios de exercer sua função numa empresa cuja sede funciona em outro fuso horário
Marina Hermeto trabalha na Huawei desde 2016
Nossa Mulher Positiva da semana é Marina Junqueira P. Hermeto, engenheira de telecomunicações, responsável pelas área de marketing da gigante Huawei no Brasil. Mãe de 2 meninos, Eduardo, de 4 anos, e Henrique, de 2 anos, e esposa do também engenheiro Eduardo Sarak, Marina nos conta como iniciou sua carreira na área, seus maiores desafios e revela como é estar numa empresa majoritariamente masculina, com longas jornadas de trabalho, já que a sede da multinacional funciona em outro fuso horário.
1.Como começou a sua carreira? Desde muito nova eu sabia que iria estudar engenharia, pois venho de uma família mineira composta por pai, irmãos, cunhados e tios engenheiros, todos formados pela mesma universidade de engenharia, a UNIFEI. Quando prestei vestibular, o ramo de telecom estava em plena ebulição e optei então por cursar Engenharia de Telecomunicações no Inatel, me desgarrando da longa tradição familiar de engenheiros eletricistas e engenheiros mecânicos (risos). Confesso que, apesar do renome e prestígio de ambas as instituições, o fato do Inatel estar numa cidade vizinha, me fazendo ter de deixar a casa de meus pais para montar uma república de meninas, era uma motivação extra para eu seguir tal caminho. Já no último ano de faculdade, tínhamos então que cumprir horas de estágio para que pudéssemos nos formar.
Na época, eu já sonhava em trabalhar na Motorola, pois além de ser uma empresa de vanguarda e muito disputada, meus dois irmãos engenheiros trabalhavam lá. Enfim, acabei passando pelo processo seletivo onde eu consegui meu primeiro estágio, o qual se tornaria meu primeiro emprego tempos depois. Foram 5 anos trabalhando numa área muitíssimo técnica da engenharia de P&D, o que me fez enxergar que queria trabalhar numa área mais comunicativa, mais próximo do cliente, explorando meus soft skills. Resolvi, então, fazer um MBA em Marketing, onde eu finalmente me encontrei como profissional. Desde então venho atuando na área, e hoje exerço a função de gerente de Marketing, responsável pelos eventos da Huawei, uma colossal empresa chinesa e maior fabricante do mundo de equipamentos de telecomunicações, empresa onde trabalho desde 2016.
2. Como é formatado o modelo de negócios da Huawei? A Huawei está no Brasil há 23 anos, oferecendo as tecnologias que fazem parte do seu dia a dia e, muito em breve, fornecendo toda a infraestrutura 5G que vai potencializar os negócios e vida das pessoas de forma exponencial. Na Huawei, sou responsável por todos os eventos com nossos clientes e parceiros, desde o processo de negociação, contratação e gerenciamento operacional dos eventos, garantindo que seja uma experiência agradável, marcante e que sirva o seu propósito. Controlamos o evento desde o início, de sua concepção, captação de lead, suporte, até a finalização do evento. Atualmente, eu venho buscando abrir portas em diferentes associações relacionadas às verticais da Huawei para então fomentar a indústria de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação).
3- Quando foi o momento mais difícil da sua carreira? Foi no início de 2020, quando minha amada mãe e melhor amiga descobriu uma leucemia mieloide aguda (LMA), o tipo mais comum e mais agressivo da doença. Foi um ano muitíssimo difícil e desafiador, pois além da angústia e aflição inerente a um processo de tratamento de um câncer agressivo, com muitas idas e vindas ao hospital para enfrentar o tratamento com minha mãe, tive que provar que era capaz de trabalhar de casa, numa empresa onde o home office não era bem visto e reconhecido, tendo de cuidar também de meus 2 filhos pequenos, de 2 e 4 anos, com as escolas fechadas. Eu não podia deixar a “peteca cair”, de forma que trabalhei durante longas noites, várias madrugadas e muitas vezes conectada de dentro do hospital e das clínicas de tratamento em Campinas. Infelizmente, após 11 longos meses de luta, minha mãe não resistiu e veio a falecer nos últimos dias de novembro. Quando olho para trás, vejo que só tenho a agradecer à Huawei e a Deus por ter tido a oportunidade de me doar tanto à minha mãe, de declarar meu amor de forma tão intensa, de me despedir dela aos poucos, durante os 11 meses que estivemos tão próximos nessa difícil jornada.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal com a vida corporativa/empreendedora? É de fato um grande desafio, pois além de mãe, trabalho numa empresa conhecida por ter longas jornadas de trabalho, afinal, a matriz está 12 horas à nossa frente. A Huawei nos demanda um enorme foco e determinação para não negligenciarmos nada que seja relevante e que nos ajude a melhor pavimentar esse caminho. Naturalmente, por vezes me sinto culpada por não estar tão presente na vida dos meus filhos, mas faço o meu melhor para poder educá-los e torná-los pessoas melhores. Sou realizada profissionalmente, na minha vida conjugal e com a minha família, à qual me dedico integralmente nos finais de semana. Gosto muito de me exercitar, o que também ajuda a me manter equilibrada e feliz.
5. Qual o seu maior sonho? Sempre fui muito pé no chão. Não guardo sonhos megalomaníacos. Quero ser feliz, conquistar os meus objetivos, conseguir educar meus filhos para serem homens íntegros e de caráter.
6. Qual foi sua maior conquista? As minhas maiores conquistas foram a de me tornar engenheira, construir minha própria família e fazer a diferença numa empresa predominantemente de homens, uma das maiores multinacionais do mundo, onde me sinto uma profissional respeitada e admirada.
7. Livro: Um livro que li e gostei muito é o Mindset, de uma professora de psicologia e ph.D. na Universidade Stanford e especialista internacional em sucesso e motivação, chamada Carol S. Dweck, ph.D. Ela desenvolveu, ao longo de décadas de pesquisa, um conceito fundamental de como a atitude mental com que encaramos a vida, que ela chama de “mindset”, é crucial para o sucesso. No livro ela revela, de forma muitíssimo inteligente, como o sucesso pode ser alcançado pela maneira como lidamos com nossos objetivos.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.