Quase 4 mil pessoas estão desabrigadas e 24,6 mil desalojadas no Estado; 24 morreram desde o início dos temporais em outubro
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em entrevista ao 60 Minutos, fez um alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas, elevando o volume de chuvas no Estado no futuro. “Vai cair um volume maior no mesmo intervalo de tempo. Represas aqui, de água, de energia elétrica, que, até então, estavam adequadamente dimensionadas, nesse ano transbordaram, represas com 60 anos de existência, o vertedouro não foi suficiente. Isso significa que nós vamos ter fazer obras para essa nova realidade, termos a construção de novos reservatórios de água para que parte do excesso, em determinado momento, fique represado e não vá rio abaixo, causando inundações. E esse tipo de projeto sempre enfrenta alguns obstáculos. Então, realmente precisamos ter decisões mais embasadas, mais técnicas e menos ideológicas”, afirmou. Quase 4 mil pessoas estão desabrigadas e 24,6 mil desalojadas em Minas Gerais. 24 pessoas morreram desde o início dos temporais em outubro.
O governador ainda admitiu o desafio de recuperar as áreas afetadas pelas chuvas, sobretudo após ter assumido o Estado com poucos recursos. “Nós tivemos cidades que tiveram parte da área invadida pela água, destruída, estradas que foram acometidas de deslizamento, pontes que caíram, tudo isso está sendo recuperado onde é possível, onde já parou de chover. Até quatro meses atrás, nós ainda estávamos pagando o salário do funcionalismo público atrasado parcelado e, depois de seis anos, é que nós conseguimos voltar a pagar em dia, inclusive o 13º nesse último mês de dezembro. O funcionário público de Minas Gerais ficou seis anos sem data, sem programação da vida financeira dele. Com muito sacrifício, nós conseguimos restabelecer”, disse Zema.
Quando água baixa, a dimensão do desastre fica mais evidente. Em Raposos, a lama ainda toma conta das ruas e os moradores tentam salvar o que podem. Quase nada muitas vezes. No meio da água suja e contaminada, muitos se arriscam para entrar nas casas e ver o que a enchente não destruiu, os bombeiros também ajudam nesse trabalho. Com muito esforço vão entrando nos prédios e residências tomadas pela água barrenta, atrás de documentos e objetos dos moradores, como explica o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara. “Às vezes é um objeto desses que acaba as pessoas tendo um carinho muito especial, então, por isso, é importante recuperar para a família ter algo para se apegar nesse momento, que é de reconstrução e, muitas vezes, ‘refazimento’ das próprias vidas”, pontua.
A situação em Minas Gerais também mobiliza parlamentares do Estado. O deputado Marcelo Freitas (PSL) afirma que o problema é resultado de falta de planejamento para drenar a água de pequenas e médias cidades, como Raposos. “Os custos da recuperação daquilo que é estragado pela chuva em virtude da ausência de drenagem é muito superior do que se investirmos preventivamente nessas drenagens para que a gente possa evitar ou minimizar tragédias de todos os tipos”, alega. O deputado Zé Vitor (PL) diz que muitos municípios ainda estão analisando o tamanho dos danos antes de pedir recursos para reconstrução. “São recursos tanto para a assistência humanitária, para esse momento imediato, para cesta básica, para colchão, para manter servidores na atividade, mas também há recursos programados para restabelecer serviços essenciais que foram afetados, como o abastecimento de água, como a própria destinação adequada de resíduo, de lixo, limpezas que são fundamentais nesse momento, para, após o período chuvoso, a gente passar por esse momento de reconstrução”, informou.
*Com informações da repórter Carolina Abelin